Craques Eternos: Gylmar, o Goleiro Sereno que Guardou Duas Estrelas Mundiais

Quando falamos em “Craques Eternos”, é impossível não pensar em José Macia, o Pepe, e no próximo nome que vamos celebrar: Gylmar dos Santos Neves. Se Pepe era o “Canhão da Vila” que furava as redes adversárias, Gylmar era a muralha impenetrável, o goleiro sereno que garantia a segurança por trás. Ele não apenas foi o guardião dos gols mais importantes da nossa história, mas também um verdadeiro defensor do legado dos nossos campeões.

Prepare-se para conhecer a trajetória de um homem que, com calma e precisão, se tornou sinônimo de segurança e excelência debaixo das traves.

 

As Primeiras Defesas: De Campos de Várzea ao Sonho Profissional

Nascido em Santos, no dia 22 de agosto de 1930, Gylmar era filho de um caminhoneiro e de uma dona de casa, e como muitos craques da sua geração, começou a moldar seu talento nas ruas e nos campos de várzea da sua cidade natal. Antes de brilhar nos maiores palcos do futebol mundial, Gylmar dos Santos Neves deu seus primeiros passos no gol pelo time amador chamado Primeiro de Maio.

O salto para o profissionalismo aconteceu em 1947, quando o jovem Gylmar, com apenas 17 anos, assinou com o Jabaquara, clube de sua cidade natal, Santos. Foi lá que suas habilidades começaram a chamar a atenção, revelando um goleiro de reflexos apurados, grande posicionamento e, acima de tudo, uma calma impressionante que o acompanharia por toda a carreira.

 

O Brilho no Corinthians e a Trajetória Vencedora

Em 1951, o talento de Gylmar era inegável, e o Corinthians de São Paulo não hesitou em contratá-lo. Foi no Parque São Jorge que Gylmar se firmou como um dos grandes nomes do futebol brasileiro. Debaixo das traves alvinegras, ele se tornou um ídolo, conquistando o Campeonato Paulista três vezes (1951, 1952 e 1954) e o Torneio Rio-São Paulo em 1954. Sua figura alta, postura elegante e a capacidade de fazer defesas espetaculares sem acrobacias desnecessárias o tornaram uma referência.

Mas o destino reservava um encontro ainda mais épico para Gylmar.

 

A Muralha do Santos e a Geração de Ouro

Em 1962, Gylmar tomou uma decisão que mudaria para sempre a história do futebol. Ele deixou o Corinthians para se juntar ao Santos Futebol Clube, o time que já contava com Pelé, Pepe e uma constelação de craques. A mudança para o Peixe consolidou Gylmar como o goleiro daquela que é considerada por muitos a maior equipe de todos os tempos.

No Santos, a coleção de títulos de Gylmar é assombrosa:

  • Campeonato Brasileiro (Taça Brasil): Cinco vezes consecutivas (1962, 1963, 1964, 1965, 1968)
  • Copa Libertadores da América: Duas vezes (1962, 1963)
  • Copa Intercontinental: Duas vezes (1962, 1963)
  • Campeonato Paulista: Cinco vezes (1962, 1964, 1965, 1967, 1968)

Ele foi a peça fundamental que trazia equilíbrio e confiança para aquele time avassalador, provando que um grande ataque precisa de uma defesa à altura.

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O Guardião do Bicampeonato Mundial: A Glória pela Seleção

Mas a maior glória de Gylmar viria com a camisa verde e amarela. Ele não era apenas um goleiro, era a segurança personificada para a Seleção Brasileira. Em 1958, na Suécia, Gylmar foi o goleiro titular da equipe que encantou o mundo e trouxe o primeiro título mundial para o Brasil. Sua presença sob as traves, a tranquilidade com que agia nos momentos de maior pressão, foi crucial para a jovem equipe.

Quatro anos depois, em 1962, no Chile, Gylmar estava lá novamente, mantendo a mesma maestria e serenidade. Ele foi o goleiro da seleção brasileira bicampeã mundial, um feito inédito e que o eternizou como um dos maiores goleiros de todos os tempos, o único a conquistar dois mundiais como titular. Sua performance, aliada à de seus companheiros, consolidou o Brasil como a grande potência do futebol.

 

Legado Além dos Gramados: O Defensor dos Campeões

Após se aposentar dos campos em 1969, Gylmar não se afastou do futebol nem de seus companheiros. Ele se tornou uma voz ativa e um incansável defensor dos direitos e do reconhecimento dos jogadores que fizeram história, especialmente dos campeões mundiais. Gylmar dedicou parte significativa de sua vida pós-carreira à Associação dos Campeões Mundiais de Futebol do Brasil (ACMB), lutando por melhores condições de vida e saúde para os veteranos do esporte.

Seu engajamento político e social foi fundamental para resgatar a dignidade e a memória de muitos atletas que, após as glórias, enfrentavam dificuldades. Gylmar entendia a importância de preservar a história e honrar aqueles que ajudaram a construir a identidade do futebol brasileiro. Ele foi um líder, um visionário e um amigo leal, que continuou a “defender” os seus, mesmo fora das quatro linhas.

Gylmar nos deixou em 2013, mas seu legado é imenso. Não só pelas defesas espetaculares e pelos inúmeros títulos, mas também pela sua integridade, humildade e pelo exemplo de dedicação, tanto dentro quanto fora de campo. Outra marca fabulosa do Gylmar é a de maior ganhador de títulos do Brasil, com 37 a frente do Rei Pelé que teve 35. Ele é, e sempre será, um “Craque Eterno” – não apenas por ter guardado as estrelas em seu peito, mas por ter guardado a memória e a dignidade de seus companheiros no coração.

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